Voltar pra casa

Leonardo Castelo Branco
1 min readOct 24, 2023

Acabo de retornar de mais uma busca ao inexistente. Lá fora, a vida se resume a aceitar e se adaptar, estágios inevitáveis do ser humano médio neste mundo caduco. Aqui dentro, pelo contrário, são 58 metros quadrados de desapego. Neste espaço, posso, enfim, arrancar os sapatos e sentir o alegre formigamento de meus pés descalços após horas de trabalho. Em seguida, mergulho em um banho quente, deixando-me embriagar pelo entusiasmo que precede a escrita. Uma tranquilidade absoluta atravessa o pensamento quando digito as primeiras linhas, e ela me acompanha até o último ponto final. Satisfeito, me jogo no sofá e leio poemas, um sorriso filosófico brinca em meu rosto até o sono me alcançar. Sonho, então, com novas linhas a serem escritas, talvez estas que você lê agora. Desperto abraçado a algo parecido com a felicidade, mas não é a felicidade, é menos espalhafatoso. Como se eu redescobrisse o caminho de volta para encontrar aquela parte de mim que, em algum ponto, se esqueceu de crescer.

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