Meu filho
Meu filho,
aquele que não existe,
vem me visitar,
e em noites de coração embriagado,
compartilhamos uma solidão empoeirada.
Da minha velha cadeira
eu o vejo,
num silêncio elevado e
em sombras volantes,
penetrar a minha alma
sem rosto, sem sangue,
apenas a fosforescência
de um abismo insondável.
Meu filho é um tecido de sonho,
ele carrega o divino que habita em nós
e ele diz: “Papai, cadê você?”
Sua voz é um suspiro gelado,
que cresce
lenta e levemente.
Meu filho, meu pequeno,
desperta a minha vontade
de amar com urgência,
eu digo: “Filho, te amo!
Filho, eu te quero bem!”
Mas é tarde,
tornei-me um sonho de carne osso,
e mergulhado em nostalgia
fecho os olhos
e vou do reflexo à reflexão.